Dr. Miguel Nagib, Coordenador do Movimento Escola Sem Partido, durante audiência pública sobre ideologia de gênero, na Comissão de Educação, na Câmara dos Deputados, em 10 de novembro de 2015.
RIO — “Faça você
mesmo” é um lema que cairia como luva no Colégio Monte Alto, no
Andaraí. A escola, que está em seu primeiro ano de atividade, foi
criada por pais que buscavam um ensino completo para seus filhos, com
direito a música clássica e aulas de imersão em inglês desde a
educação infantil.
Insatisfeito com as opções no mercado, o grupo fundou, em 2012, a Associação Carioca de Educação e Cultura (Acec). A organização sem fins lucrativos é responsável por gerir a escola, que funciona atualmente até o maternal II (crianças de até 4 anos), e abrirá turma de pré I (até 5 anos) no ano que vem.
— É uma questão de ideologia. Queremos que a educação dos nossos filhos seja completa — afirma a psicóloga Tatiane Ribeiro, uma das integrantes da Acec e mãe de Mariana, de 2 anos, atualmente no berçário II.
O projeto pedagógico do Monte Alto é inspirado no grupo espanhol Fomento de Centros de Enseñaza, que cuida de 50 escolas ao redor do mundo. A diretora Juliana Barcellos, mãe da pequena Amanda, de 1 ano, do berçário II, considera a presença dos pais um dos principais eixos do colégio.
Há pelo menos quatro reuniões individuais entre pais e professores ao longo do ano, além de palestras com educadores. Na última atividade externa — um piquenique no Dia da Criança —, a adesão de pais e filhos foi massiva.
— Os pais entenderam a importância de participar do dia a dia, de educar junto com a escola. Os professores também são uma parte fundamental nesse projeto. Todo mês, nós fazemos um treinamento para eles — explica.
MÚSICA CLÁSSICA PARA CRIANÇAS
Não é apenas a participação dos pais que torna diferente a rotina do Monte Alto. As turmas têm até 15 alunos, com atividades de 8h às 16h. A cada semana, os pequenos são colocados em contato com a obras de mestres como Chopin, Beethoven e Mozart.
— A criança tem uma capacidade absurda de aprendizagem até os 5 anos, e isso precisa ser estimulado. Meu filho, com 4 anos, já canta em inglês e consegue reconhecer sinfonias de música clássica. É uma coisa de outro mundo — diz um orgulhoso Leandro Schmidt Marques, engenheiro e pai de Rafael, do pré I.
Os métodos de ensino envolvem também aulas de imersão em inglês, nas quais o professor não usa sequer uma palavra em português. Outra curiosidade é uma técnica chamada de “bits de inteligência”, desenvolvida pelo americano Glenn Doman: o professor exibe cartazes com palavras, números ou imagens, dizendo o conteúdo em voz alta e trocando-o rapidamente, com objetivo de estimular o cérebro no início da formação.
Na ideia de ensino personalizado, as salas de aula são divididas em cantos de atividades que atendem a diferentes campos, como matemática, linguagens e atividades lúdicas. A ideia é se adequar ao ritmo e às demandas de cada criança. Os pais são unânimes: o aprendizado trazido pela escola não se limita aos filhos.
— As coisas novas que meu filho aprende também agregam conhecimento para a família — afirma Marques.
Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/bairros/pais-criam-colegio-para-dar-educacao-completa-aos-filhos-17895441
Insatisfeito com as opções no mercado, o grupo fundou, em 2012, a Associação Carioca de Educação e Cultura (Acec). A organização sem fins lucrativos é responsável por gerir a escola, que funciona atualmente até o maternal II (crianças de até 4 anos), e abrirá turma de pré I (até 5 anos) no ano que vem.
— É uma questão de ideologia. Queremos que a educação dos nossos filhos seja completa — afirma a psicóloga Tatiane Ribeiro, uma das integrantes da Acec e mãe de Mariana, de 2 anos, atualmente no berçário II.
O projeto pedagógico do Monte Alto é inspirado no grupo espanhol Fomento de Centros de Enseñaza, que cuida de 50 escolas ao redor do mundo. A diretora Juliana Barcellos, mãe da pequena Amanda, de 1 ano, do berçário II, considera a presença dos pais um dos principais eixos do colégio.
Há pelo menos quatro reuniões individuais entre pais e professores ao longo do ano, além de palestras com educadores. Na última atividade externa — um piquenique no Dia da Criança —, a adesão de pais e filhos foi massiva.
— Os pais entenderam a importância de participar do dia a dia, de educar junto com a escola. Os professores também são uma parte fundamental nesse projeto. Todo mês, nós fazemos um treinamento para eles — explica.
MÚSICA CLÁSSICA PARA CRIANÇAS
Não é apenas a participação dos pais que torna diferente a rotina do Monte Alto. As turmas têm até 15 alunos, com atividades de 8h às 16h. A cada semana, os pequenos são colocados em contato com a obras de mestres como Chopin, Beethoven e Mozart.
— A criança tem uma capacidade absurda de aprendizagem até os 5 anos, e isso precisa ser estimulado. Meu filho, com 4 anos, já canta em inglês e consegue reconhecer sinfonias de música clássica. É uma coisa de outro mundo — diz um orgulhoso Leandro Schmidt Marques, engenheiro e pai de Rafael, do pré I.
Os métodos de ensino envolvem também aulas de imersão em inglês, nas quais o professor não usa sequer uma palavra em português. Outra curiosidade é uma técnica chamada de “bits de inteligência”, desenvolvida pelo americano Glenn Doman: o professor exibe cartazes com palavras, números ou imagens, dizendo o conteúdo em voz alta e trocando-o rapidamente, com objetivo de estimular o cérebro no início da formação.
Na ideia de ensino personalizado, as salas de aula são divididas em cantos de atividades que atendem a diferentes campos, como matemática, linguagens e atividades lúdicas. A ideia é se adequar ao ritmo e às demandas de cada criança. Os pais são unânimes: o aprendizado trazido pela escola não se limita aos filhos.
— As coisas novas que meu filho aprende também agregam conhecimento para a família — afirma Marques.
Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/bairros/pais-criam-colegio-para-dar-educacao-completa-aos-filhos-17895441
Os estudantes brasileiros lideram o ranking de indisciplina na sala de aula. É o que sinaliza relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A pesquisa internacional sobre ensino e aprendizagem, conhecida pela sigla Talis, aponta que o mau comportamento prejudica as instruções dos professores e absorção de conteúdo.
Entre os 34 países que participaram do Talis em 2008 e 2013, são os docentes brasileiros que dizem gastar mais tempo para manter a ordem em sala de aula. Em 2008, eram 18%. Já em 2013, essa porcentagem subiu para 20%, quando a média internacional foi de 13% nos dois períodos.
Mais de 60% dos professores no país relataram ter mais de 10% de alunos com problemas de mau comportamento. Situação parecida acontece com o Chile e o México. Nos dois países, os professores também afirmaram enfrentar essas questões em sala de aula. Por outro lado, no Japão, pouco mais de 10% dos professores indicaram lidar com interrupções dos estudantes.
Todavia, segundo a pesquisa, a indisciplina é generalizada no Brasil. Ao contrário do que muitos poderiam imaginar, os números de estudantes com mau comportamento são quase os mesmos nas escolas públicas ou particulares. A diferença foi de apenas três pontos.
Menos tempo
Além das interrupções pelos estudantes, há outras fontes que atrapalham o desempenho no ambiente escolar como lista de chamada, informações da escola e reuniões. Essas atividades consomem ainda mais o tempo de aprendizado e nesse quesito o Brasil também aparece em primeiro lugar. O Talis 2013 mostra que é de 33%, na média, o tempo de não instrução relatado pelos professores brasileiros. A média é de 21% entre todos os países participantes.
Outro ponto importante mencionado na pesquisa é a carência desses profissionais. Com poucos disponíveis em sala de aula, o número de alunos por classe aumenta. O que torna o ambiente pouco favorável para o aprendizado.
A Suécia, primeira nação do mundo a proibir as palmadas na educação das crianças, se pergunta agora se não foi longe demais e criou uma geração de pequenos tiranos.
"De uma certa forma, as crianças na Suécia são extremamente mal educadas", afirma à AFP David Eberhard, psiquiatra e pai de seis filhos. "Eles gritam quando adultos conversam à mesa, interrompem as conversas sem parar e exigem o mesmo tratamento que os adultos", ressalta.
O livro "Como as crianças chegaram ao poder", escrito por Eberhard, explica porque a proibição das punições físicas - incorporada de forma pioneira ao código penal da Suécia em 1979 - levou, pouco a pouco, a uma interdição de qualquer forma de correção das crianças.
"É óbvio que é preciso escutar as crianças, mas na Suécia isso já foi longe demais. São elas que decidem tudo nas famílias: quando ir para a cama, o que comer, para onde ir nas férias, até qual canal de televisão assistir", avalia ele, considerando que as crianças suecas são mal preparadas para a vida adulta.
"Nós vemos muitos jovens que estão decepcionados com a vida: suas expectativas são muito altas e a vida se mostra mais difícil do que o esperado por eles. Isso se manifesta em distúrbios de ansiedade e gestos de autodestruição, que aumentaram de maneira espetacular na Suécia", diz o psiquiatra.
Suas teses são contestadas por outros especialistas, como o terapeuta familiar Martin Forster, que sustenta que, numa escala mundial, as crianças suecas estão entre as mais felizes. "A Suécia se inspirou sobretudo na ideia de que as crianças deveriam ser ouvidas e colocadas no centro das preocupações", afirma Forster. Segundo ele, "o fato de as crianças decidirem muitas coisas é uma questão de valores. Pontos de vista diferentes sobre a educação e a infância geram culturas diferentes".
O debate sobre o mau comportamento das crianças surge regularmente nas discussões sobre a escola, onde os problemas de socialização ficam mais evidente.
No início de outubro, o jornalista Ola Olofsson relatou seu espanto após ter ido à sala de aula de sua filha. "Dois garotos se xingavam, e eu não fazia ideia de que com apenas 7 anos de idade era possível conhecer aquelas palavras. Quando eu tentei intervir, eles me insultaram e me disseram para eu ir cuidar da minha vida", conta à AFP.
Quase 800 internautas comentaram a crônica de Olofsson. Entre os leitores, um professor de escola primária relatou sua rotina ao passar tarefas a alunos de 4 e 5 anos: "Você acha que eu quero fazer isso?", disse um dos alunos. "Outro dia uma criança de quatro anos cuspiu na minha cara quando eu pedi para que ela parasse de subir nas prateleiras".
Após um estudo de 2010 sobre o bem estar das crianças, o governo sueco ofereceu aos pais em dificuldade um curso de educação chamado "Todas as crianças no centro". Sua filosofia: "laços sólidos entre pais e filhos são a base de uma educação harmoniosa de indivíduos confiantes e independentes na idade adulta".
Um de seus principais ensinamentos é que a punição não garante um bom comportamento a longo prazo, e que estabelecer limites que não devem ser ultrapassados, sob pena de punição, nem sempre é uma panaceia.
"Os pais são instruídos a adotar o ponto de vista da criança. Se nós queremos que ela coopere, a melhor forma de se obter isso é ter uma relação estreita", afirma a psicóloga Kajsa Lönn-Rhodin, uma das criadoras do curso governamental. "Eu acredito que é muito mais grave quando as crianças são mal-tratadas (...), quando elas recebem uma educação brutal", avalia.
Marie Märestad e o marido, pais de duas meninas, fizeram o curso em 2012, num momento em que eles não conseguiam mais controlar as crianças à mesa. "Nós descobrimos que provocávamos nelas muitas incertezas, que elas brigavam muito (...) Nós tínhamos muitas brigas pela manhã, na hora de colocar a roupa para sair", relembra essa mãe de 39 anos. "Nossa filha caçula fazia um escândalo e nada dava certo (...) Nós passamos por momentos muito difíceis, até decidirmos que seria bom se ouvíssemos especialistas, conselheiros", conta Märestad, que é personal trainer em Estocolmo.
O curso a ajudou a "não lutar em todas as frentes de batalha" e a dialogar melhor. Mas para ela, as crianças dominam a maior parte dos lares suecos. "Nós observamos muito isso nas famílias de nossos amigos, onde são as crianças que comandam".
Segundo Hugo Lagercrantz, professor de pediatria na universidade Karolinska, de Estocolmo, a forte adesão dos suecos aos valores de democracia e igualdade levou muitos a almejarem uma relação de igual para igual com seus filhos. "Os pais tentam ser muito democráticos (...) Eles deveriam se comportar como pais e tomar decisões, e não tentarem ser simpáticos o tempo todo", diz Lagercrantz.
Ele vê, contudo, algumas vantagens nesse estilo de educação. "As crianças suecas são muito francas e sabem expressar seu ponto de vista", afirma. "A Suécia não valoriza a hierarquia e, de uma certa forma, isso é bom. Sem dúvida, esta é uma das razões pelas quais o país está relativamente bem do ponto de vista econômico".