Esses jovens de hoje...
Quem nunca ouviu este termo: “Ai, esses
jovens de hoje...”!? Normalmente é dito por pessoas um tanto
quanto vividas que diante da vagabundagem, corpo mole, mordomia e
afins nos mais jovens, começa a falar que “esses jovens” tem
vida boa, não querem saber disso ou daquilo, porém, eles,
trabalhadores, responsáveis desde cedo, tiveram uma vida muito mais
difícil que eles.
O que quero vos levar a refletir, caro
leitor, é o seguinte: será mesmo que o problema está nos jovens
atuais? Não me levem a mal, mas, porventura o problema também não
está nos pais de hoje? Para clarear: acredito piamente que o
problema não está nos jovens, em sua maioria, mas sim na forma com
que é conduzida a educação das crianças e jovens hoje.
Os mais velhos de hoje foram responsáveis
mais cedo? Trabalhavam pesado? Os de hoje não? Julga-os de
vagabundos. Mas, como foi a educação destes mais velhos? Com toda
certeza foi muito diferente da educação das nossas crianças e
jovens. Se mudou-se condução da educação, como queria resultados
iguais? Claro que se havia de mudar algumas coisas, porém, o que
houve mais se assemelha a um motorista que vai em direção a SP e
muda a rota rumo ao nordeste; ora, mesmo mudando a rota queria chegar
em Sampa?
Num passado não tão distante assim, as
crianças e jovens tinham que ter responsabilidades. Logo eram
inseridas no trabalho, muitas vezes não tão leve. Claro que não
estou defendendo que se coloque uma criança de 5 anos sob o jugo de
um trabalho pesadíssimo que caleja até adultos. Óbvio que não.
Porém, vemos que se antes havia trabalhos divididos conforme a
capacidade e entendimento de cada idade, hoje vemos mãos na cabeça,
alisando, protegendo, mimando, e depois querem que resultado? Não se
prepara mais para a vida!
Hoje uma criança acorda e já fica
entediada: não sabe se brinca com o celular, video-game, TV,
computador, etc. Não sou contra que crianças tenham acesso a
eletrônicos, porém acredito que tudo deve respeitar a uma idade. Os
pais largam os filhos com eletrônicos, não lhe dão
responsabilidades, vivem nos joguinhos. O moleque já tem 10 anos e
não pode lavar uma louça? Não, porque faz chilique. Aliás, muitos
nem pedem. Muitos acham que é abuso colocar o adolescente de 13, 14
anos para lavar a louça que ele mesmo sujou. Enquanto num passado
não tão distante assim, nessa idade já se trabalhava e ajudava em
casa; seja com trabalhos domésticos, roça em casa, ou em algum
comércio. Hoje, não, para alguns pedagogos e afins, um jovem de 12
anos não pode trabalhar, por exemplo, de empacotador num
supermercado. Ora, anos atrás se trabalhava – falo de trabalho
mesmo, não dos casos de exploração – e se formava homens e
mulheres de bem; hoje se coloca uma superproteção que o impede de
assumir responsabilidades. Resultado disso? “Esses jovens de hoje
não prestam...”
Para dar um exemplo prático que pode ser
comum a ocorrência nas casas, veja a seguinte situação: você tem
um filho que sempre o criou nas regalias, nunca este precisou fazer
nada. Agora, com 18 anos, você diz que ele tem que lavar a louça.
Ele vai? Mas, a culpa é dos jovens de hoje, ou tua que passou a vida
toda criando-o sem a responsabilidade de assumir pequenos afazeres
domésticos? “Ah, trabalho pesado? Capinar? Esses jovens de hoje
não querem. São mortos” - diz um homem ou uma mulher vivida, que
joga indireta par o filho ou conhecido de 18, 19 anos, mas que,
quando adolescente queria ajudar em algo mais pesado logo ouvia “não,
meu bem, não precisa. Deixa que eu faço”. Aí quando você quer
que o jovem faça algo, ele já foi acomodado e dificilmente fará
isso.
E, como disse acima, e torno a repetir
para que não me interprete mal, a questão do trabalho e
responsabilidade a que me refiro é gradual, ou seja, conforme a
idade e as condições de cada criança e/ou adolescente. Não estou
falando para dar uma enxada para um menino ou uma menina de 5 anos.
Mas o que quero que entenda é aquela ideia da famosa Educadora Maria
Montessori, que dizia que criança sem trabalho dá trabalho.
Ora, o seu método consistia exatamente nisso: dar liberdade,
independência, responsabilidades, de acordo com a capacidade das
crianças. Então ensinava-se as crianças a fazer pequenos trabalhos
domésticos, de acordo com sua idade, como descascar verduras, por
exemplo. As crianças podem assumir responsabilidades de acordo com
sua idade. Podem e devem, por exemplo, guardar seus próprios
brinquedos. Deve-se dar responsabilidades, e não criar essa
superproteção que tranca a criança e o adolescente dentro de uma
bolha. Porque se continuarmos não dando trabalho para as crianças,
e fixando-as num marasmo de preguiça e irresponsabilidades,
continuaremos tendo crianças e adolescentes que dão trabalho. E os
frutos estão aí para não dizer que é invenção: jovens
infratores, drogas, jovens rebeldes com os pais, etc. Será que se
gradualmente, desde pequenos, fossem-lhes dado responsabilidades, não
teria sido diferente?
Bom, o que nos resta é tentar responder,
com o que acontece com as crianças e jovens próximos a nós: a
culpa é dos jovens de hoje, ou dos pseudo-educadores atuais?
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