Palmada nos filhos: pode ou não?

Em um tempo em que tanto se fala da importância da educação, todos querem educar os filhos alheios, inclusive dos de pais não negligentes com ela (educação). Pseudo (psico)pedagogos e afins dizem que não se pode dar umas palmadas nas crianças, afinal, dizem eles, isso traumatizaria a mesma, gerando traumas para o resto da vida. O Estado, então, muito preocupado com a saúde das nossas crianças e jovens começa a querer adentrar num campo onde não lhe pertence: a família.

Estão tirando a autoridade dos pais de disciplinarem seus filhos. Os pais não podem dar pequenos castigos físicos aos filhos e, se derem, são tratados como torturadores pertencentes ao Estado Islâmico (com estes a Dilma propõe diálogo, com os pais um dane-se parece ser o que o Estado propõe). Pouco a pouco os pais têm perdido a autoridade sobre seus filhos: não podem disciplinar, não podem proibir de terem acesso a determinado tipo de conteúdo na escola; tudo em nome de uma pseudo liberdade que – ora, que contradição! - é negada aos próprios pais: a liberdade de educar seus filhos segundo suas crenças.

Mas a questão central aqui é: posso ou não dar castigos físicos aos meus filhos? Isso lhe trará traumas? Bom, a pergunta aqui é um sonoro: depende.

Ninguém aqui está defendendo espancamento de crianças. O problema é que a mídia e os pedagogos adeptos do “não reprima a energia da criança, não dê palmadas” esquecem-se de separar a palmada, que é lícita, do espancamento, que é obviamente repudiado.

As palmadas sempre foram usadas como uma forma de condicionamento operante, isto é, usa-se a palmada, algo desagradável para a criança, para condicioná-la a não realizar o ato ilícito da qual cometeu. E se indagarmos os mais velhos, embora muitos tenham tido educação rígida, a maioria dirá que as surras que levaram foram de grande valia pois os fizeram homens de verdade, mulheres de verdade. Embora, é verdade, também encontramos aqueles que relatam traumas pelas surras verdadeiras, onde se apanhava de maneira próxima a espancamento. E aí é que entra o xis da questão: o problema do trauma não está na palmada em si, mas em fatores que muitas vezes os pais não levam em consideração: compreensão da criança, a proporcionalidade do delito causado por ela e do peso do castigo em relação ao tamanho e idade da criança.

Compreensão da criança – No âmbito do Direito Penal sabemos que não há crime sem lei anterior que o defina. Ou seja, se ninguém disse que tal ato é um crime, como posso ser punido? Muitas crianças podem sim sofrer traumas, mas justamente porque os pais o fazem sem motivo. Sim, a criança pode ter cometido tal ato, porém, você já havia orientado que aquela atitude ela não poderia fazer? Um pai e uma mãe que tenha zelo pela criança saberá conversar antes da palmada. Se for algo que você nem imaginava que fosse fazer; após o ato, chegue na criança e explique-a que aquilo não se pode ser feito. Em caso de cometer aquele ato novamente, aí sim, aplica-se uma punição (seguindo a proporcionalidade que falarei mais adiante) para educá-la, condicioná-la, a não praticar tal ato novamente. É claro que quando falo de conversar com a criança, falo de crianças que podem compreender que tal e tal coisa não se pode. Há pais que batem em crianças que mal sabe andar por simplesmente chorarem, por exemplo. Isso deve ser proibido. Outros podem dizer que o garotinho fez algo, mas não se tem compreensão, da parte da criança, daquele algo. Como que você vai bater, por exemplo, numa criança que engatinha simplesmente porque, ao contrário das suas ordens, ela está engatinhando rumo a porta da sala; ora, ela não tem entendimento, é natural da criança engatinhar pra todo lado. Outros batem na criança porque esta tem muita energia; mas, caro leitor, o normal é a criança ter muita energia. Se sua criança é paradona, preocupe-se.

Proporcionalidade do delito com o castigo – Assim como no Direito é injusto alguém ficar 20 anos na cadeia por ter roubado uma galinha, é injusto a aplicação de um castigo mais pesado por uma atitude não muito grave da criança. Vamos supor que a criança engatinhando ou andando corra rumo a uma tomada. Claro, não é uma traquinagem, mas diante das repetidas idas da mesma até a tomada, a mãe resolve dar um tapinha na mão da criança e diz “não pode!”. A criança faz cara de choro... Chora! Mas, normalmente, ela não retornará para a tomada porque foi condicionada a acreditar que levará outro tapa na mão se voltar a querer enfiar o dedo na tomada. Esse tapa está proporcional ao ato da criança. Agora se na mesma situação o pai pegasse um cinto e surrasse a criança, estaria desproporcional. E aí sim feriria o senso de justiça na criança que poderia desenvolver traumas na sua personalidade.

Proporcionalidade do castigo com a idade criança – Mesmo que o ato que a criança tenha feito tenha sido algo relativamente grande, não se pode o pai e/ou a mãe se exceder e dar um castigo grande, se o corpo da criança não aguenta aquela punição. Lembro que falo aqui de palmadas, não de espancamentos. Não queira usar este texto para tornar lícito os teus espancamentos, as torturas que cometes, não! Estou falando de castigos físicos proporcionais com a criança. E os casos que a mídia nos dão, usando como argumento para proibir todas as palmadas, são de castigos desproporcionais. Uma criança que tem que ser levada pro hospital devido os ferimentos, que tem que usar roupa de frio no tempo de calor pra esconder os hematomas causados pelas surras que leva de seus responsáveis, isso não faz parte da educação, mas de tortura. Se a criança pequenina, use métodos de condicionamento operante leves, como as pequenas palmadas. Conforme a criança vai crescendo, e com ela o entendimento, aí sim, pode-se aumentar os castigos, mas nunca a um nível que o deixe próximo a um espancamento. Uma criança pequena pode levar palmadinhas, uma criança de 12 anos pode sim levar umas cintadas dos pais quando tiver aprontando coisas grandes.

Posso usar o exemplo da educação que minha mãe me deu para esclarecer sobre as palmadas. Eu apenhei, mas minha mãe nunca me espancou. Em quase sua totalidade, de fato estava dentro dos parâmetros do entendimento e da proporcionalidade. Falo em quase sua totalidade porque minha mãe relata que uma vez se arrependeu de ter me batido (quando arranquei um mamão verde do pé) porque ela não havia me orientado antes. Ou seja, minha mãe sabia deste princípio da compreensão da criança. A última vez que apanhei, pelo que me lembre, tinha por volta de 10 anos de idade. Não me lembro o motivo. Mas, os castigos físicos fazem-nos nos tornar seres humanos melhores. Somos corrigidos. Triste é a nação que deixa seus filhos fazerem o que quiserem, como pequenos reis, e os pais, seus súditos, sofrem. A Suécia, primeiro país que proibiu as palmadas, sofre com isso (clique e saiba mais).

A questão vai muito mais além da famosa frase “melhor apanhar dos pais do que da polícia”. Muito mais. A questão é que mesmo que aquela criança cheliquenta, que faz o que quer, derruba estante, joga jarro no chão porque quer, etc, não torne-se um delinquente, torna-se, não poucas vezes, em adultos hedonistas, ou seja, que vivem do prazer pelo prazer. Nós vemos uma geração de homens e mulheres, jovens, que são mimadas, sem limites, faz o que quer, usa das pessoas, usa-se das coisas e se não tiver tais coisas faz das outras pessoas coisas, porque suas vontades – aquelas que ferem o próximo – nunca foram punidas pedagogicamente pelos pais e/ou responsáveis. Ai do papai e da mamãe se proibir a criança de seis anos de ver televisão, de usar o aparelho celular última geração e ir dormir na hora. É capaz do conselho tutelar tirar a guarda dos pais porque estão proibindo a criança de interagir com a mídia educativa chamada rede globo com suas imoralidades. Ai do velho e da velha se cortarem a internet do rapaz e da moça. Verão a força de um combatente, discípulo de Che Ghevara, e combaterão contra a repressão do patriarcado, dos pais opressores e capitalistas (no Comunismo tem internet?). Mas não adianta depois simplesmente querer dar palmadas e achar que o filho entrará na linha. Será preciso um grande empenho pedagógico.

Muitos podem dizer que boa parte dos menores infratores apanhavam dos pais. A pergunta que faço é: mas será que seguiam a proporcionalidade e o entendimento da criança? Além do que, em determinada idade, tem-se o entendimento de tais atos e mesmo tendo educação é livre para optar pelo crime. Na adolescência também recebi convites para entrar para o crime, não fui. O mundo é feito de escolhas. Mas garanto que se você educar bem seu filho, mostrando o caminho do bem – não só mostrando com palavras, mas com a própria vida, repreendendo seguindo os princípios citados acima, lá na frente ele saberá fazer as escolhas certas. Pode ser que um ou outro por vontade própria se desvirtue, mas normalmente uma boa educação reduz as chances.

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