Há alguns pontos do chamado “jeitinho
brasileiro” que parece que, quer queira, quer não queira, se impregnaram na
alma de nosso povo. Um destes pontos é a nossa preguiça de ler. Os estudantes
estudam (será?) em estado “banho Maria”, ou melhor, vão levando a vida. Para entender
de uma vez: estudamos apenas o necessário para conseguir o desejado diploma.
Este
é um grave problema de nossa cultura. Desde o ensino básico os alunos
desenvolvem uma convicção: “vou estudar para passar”. Ele não quer dar o máximo
de si para adquirir os conhecimentos daquela série, matéria; o desejo de sua
alma é só ler o que tem que ser lido, fazer os exercícios rotineiros,
entregar/apresentar os trabalhos que o professor manda... Passei de ano!
Boa
parte dos estudantes universitários ainda tem este pensamento. Não se lê nada
além daquilo que se presume que vá cair na prova e/ou algum livro/apostila que
o professor indicou. Ora, isso gera uma classe de universitários nivelados por
baixo. Se lê apenas o mínimo necessário para ser bonzinho e não reprovar, nada
além. Não se aprofunda na investigação científica. Temos preguiça.
Outro
dia fui à biblioteca da universidade da qual curso Pedagogia, e vi um livro que
me chamou atenção. Aquele livro, porém, mais do que um bom título e
aparentemente um bom conteúdo, tinha algo desestimulante: era grande! Mais de
600 páginas. Peguei o livro. Começo a ter o pensamento inspirado pelo espírito
de “jeitinho brasileiro”: Para quê lerei este livro? Professor pediu? Não. É um
livro grosso, não vou dar conta de ler rápido. Para quê levar? Não sou obrigado
a ler... – Peguei o livro! Ora, sou desses! Agora é preciso coragem para ler!
Se
você é um estudante que apenas quer receber seu diploma, para depois aparecer
em uma matéria de telejornal mostrando as pessoas que tem curso superior, mas
estão desempregadas, provavelmente deve estar pensando: por que você pegou um
livro enorme para ler se nem obrigado você é? Mas, amigo(a) leitor(a), devemos
saber que um verdadeiro estudante não lê para ganhar nota, mas para ganhar
sabedoria. É claro que há coisas que só lemos porque é preciso para ganhar
nota. Mas é necessário ir além. É necessário buscar a ciência, saber a verdade,
ir além do mínimo necessário para ter diploma; devemos ir ao máximo que podemos
para não sermos medíocres.
Muito
se fala em transformação na educação, que se precisa de investimento, etc. Mas
precisamos impelir os jovens a desejarem ardentemente o conhecimento da
verdade. Precisamos fazer uma cirurgia na alma dos jovens para retirar a
preguiça.
Para
compreender o perigo de ler apenas o necessário para ganhar nota, lembremos da
realidade da “educação” no Brasil. As nossas universidades estão repletas de
professores marxistas. Se você apenas ler o que o professor manda, poderá
trazer duas graves consequências:
·
De tanto ouvir uma mentira, acabará acreditando
nela como verdade;
·
Mesmo que você não adira a mentira, mas estudando
apenas aquela “meia verdade” ou uma mentira total, só lendo para ganhar nota,
sem o mínimo esforço para estudar outras fontes, outros autores, ter em mãos o
contraditório; você será um guerreiro por ter lido um monte de merda e não
estar fedendo, mas estará mergulhado na mediocridade por não ter aprofundado em
um assunto interessante. Você estudou um curso em que os professores passam
muito marxismo, mas não se interessou de estudar – de maneira autodidata e
séria – a disciplina pura. Isso é mediocridade.
Quero
usar meu curso como exemplo. Estudo Pedagogia, e uma das disciplinas é História
da Educação. Ora, não posso ficar apenas com aquela visão meia resumida,
levando sempre as coisas para uma luta de classe (mimimi elitista mimimi...).
Ora, apesar de terem abordado a patrística e a escolástica, sabemos que a contribuição
da Igreja Católica foi muito maior (do que a abordada na faculdade). Se apenas
leio o que a faculdade manda, até acredito nos mitos que dizem sobre a Igreja.
Mas, por outro lado, se vou buscar fontes históricas, fontes primárias, se
vamos aprofundar no assunto.... Pois é, nunca saberemos a verdade se apenas
lermos o mínimo necessário para ser um graduado.
Imagine
um médico que percebe que sua faculdade foi omissa em ensinar algum aspecto de
alguma área da medicina. Se ele for medíocre e apenas quiser seu diploma para
depois ganhar rios de dinheiro, ele vai é achar bom. Graças a Deus, diria o
mercenário, um livro a menos para ler; terei tempo de curtir o fim de semana.
Porém, aquele que tem sede de conhecimento, que desejar ser um médico
comprometido com a saúde do ser humano, mesmo sem o professor pedir, ele irá
estudar sozinho sobre aquela disciplina, sobre aquele ponto que ele viu que a
faculdade foi falha no ensino.
Embora a
universidade tenha que dar meios para o bom aprendizado do estudante, sabemos
que o que se espera do universitário é um certo autodidatismo. Afinal, ao
assistir uma aula, apenas bebo um pouco do conhecimento daquele professor; mas
o conhecimento será eu que terei que construir. É por esta mentalidade de ler
para ter diploma, que as universidades brasileiras produzem pouco na área
científica. Você pode até citar algumas descobertas, ótimos trabalhos, mas,
seja sincero, diante da quantidade de universitários que temos, são poucos
avanços neste sentido. É nas universidades que devem estar grandes
pesquisadores. Mas que investigação científica você pode esperar de uma raça de
estudante medíocre que compra trabalho, que não lê, ou que quando não tem nada
passado pelo professor dar graças porque poderá ir para a balada. Vocês querem
com isso produzir grandes cientistas? Conta outra! Que obra podemos esperar dos
nossos estudantes? O funk, talvez.
Estude
além do necessário, ou continuaremos nivelados por baixo. Renuncie a preguiça!
Adira a verdade.
Vi um vídeo
esses dias do Dr Enéas Carneiro. Algo me impressionou na fala deste saudoso
brasileiro. Ele disse que entrou para a faculdade de medicina porque dava um
conhecimento maior; mas que viu que não teria uma formação na área de exatas.
Prestou vestibular, então, para matemática e física. Passou, obviamente. Se
forma em matemática e física (ao mesmo tempo em que estudava medicina) e vê que
precisava de conhecimento de humanística. Mas, segundo ele, cansado, não quis
fazer outra faculdade; passou a estudar sozinho grandes filósofos. Citei o
grande Enéas Carneiro por ser um grande exemplo de uma pessoa que não quis
ficar na média, mas que tinha uma profunda sede de conhecimento e foi as fontes
para saciá-la. Se ele conseguiu cursar medicina – MEDICINA! – e outra faculdade
simultaneamente, e fazer um profundo estudo das ciências humanas... Por que eu
não conseguiria ler aquele livro grande que o professor não mandou ler? Eu
consigo! Você consegue! Nós não somos tão antas assim! Nós crescemos acreditando
que éramos antas. Mas, não. Nós temos jeito. É só parar de buscar o diploma,
para buscar a sabedoria em primeiro lugar.
O Dr Eneas morreu, mas vivo ficou seu
exemplo, sua sabedoria em seus escritos e vídeos. Se nós não levarmos o estudo
a sério, a única coisa que produziremos para as próximas gerações será o trá,
trá, trá... Hã, Hã, Hã, tá tranquilo, tá favorável...